segunda-feira, 30 de abril de 2012

RETICÊNCIAS POÉTICAS





Nas ruas de pedras soltas
nos papéis em branco amassados
que arquitetam estrelas roucas
sem passado de velhas horas

as lágrimas morrem no chão seco
entre as folhas de qualquer outono
nos arames farpados do destino
num amor que se perde em juras

Nestas reticências da poesia
que permeiam as agonias em falsas flores
a mesma com que pincela eternos amores
Pontos que iluminam as obscuridades da alma
fundamentos do silêncio que não se encalma

São meus versos estáticos tanto quanto móveis
ainda cobertos de verniz escaldante
dos sóis que se esconderam nos escudos do medo
nas malas prontas jamais usadas,
nos ecos reprimidos das risadas
nestas neves sonhadoras de qualquer futuro distante

nesta minha rebeldia de conto de fadas
ainda acredito, apesar do nada
nestes inteiros, que somos apenas metades
inexatas, condicionadas, apaixonadas...