terça-feira, 14 de dezembro de 2010

POEMA INTENSO


              POEMA INTENSO


Quando foste tu, foste para mim o tudo
as palavras não ditas no silêncio profundo
e foste tão livre e tão cativo das auguras do mundo
foste tão eu, entre rios e abismos que sussurram o absurdo

Quando foste tu, foste também os sonhos meus
a deslizar sobre a minha pele os poros teus
E galgando espaços num pertencer abstrato
me tomaste a ferro e fogo a carne em laços
sobre as labaredas do desconhecido insensato

Fomos tanto, um quase tudo, na realidade do poema
nas mãos aveludadas de tanta carência, um teorema
sobre sóis escaldados em desertos de dilemas
numa paixão tateada em infinitos fonemas

Quando foste tu, foste eu em cada entranha
neste poetar de curvas e retas estranhas
que inflama as reticências em manhas

Quando foste tu, foste exatamente a verdade
foste de mim a metade, a parte intrínseca da intensidade
foste o meu poema intenso de tantas rimas e pluralidade
a minha quimera realizada em versos de amor em totalidade.




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