sábado, 12 de fevereiro de 2011

CÁRCERE DO AMOR


CÁRCERE DO AMOR


Ele falou-me tudo, tudo, em tons comovedores,
Do nosso amor, que uniu as almas de dois;
As palavras quase irmãs do vento com as flores
Em tudo cintilava o límpido poema
Em tudo eu pude ver ainda a tua imagem,
E ondulava o matiz das leves borboletas.
E eu te beijarei, às horas sonolentas,
Os dedos de marfim, polidos e delgados...
Aquele teu olhar moroso e delicado,
Ainda pensei ouvir aquelas coisas mansas
No ninho de afeições criado para ti,
Por entre o riso claro, e as vozes das crianças,
E as nuvens que esbocei, e os sonhos que nutri.
Soltei com devoção lembranças tão escravas,
No espaço construí fantásticos castelos,
onde o luar parava os raios amarelos.
Cuidei-te até sentir, mais doce que uma prece,
Suster a minha fé, num véu consolador,
O teu divino olhar que as pedras amolece,
Que há muito me prendeu nos cárceres do amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário