segunda-feira, 14 de março de 2011

JANELA DA VIDA


Meto-me para dentro, e fecho a janela. 
E a minha voz-vida seja sempre isto: 
O dia cheio de sol, ou suave de chuva, 
Que nunca mais sofre o sol, ou sabe das doenças da lua. 

Sentindo a vida correr por mim como um rio por seu leito. 
E lá fora um grande silêncio como um Deus que dorme. 
Os sentimentos feitos nuvens no céu, brancas e altas, 
Se movem, mas parecem por muito altas, tão lentas. 

Aqui neste sossego dilatado esquecerei-me de tudo, 
Nem hóspede serei do que conheço, do que me sei 
Esta vida que deslembro, dos caminhos que caminhei
são ventos passados de tudo que sonhei
irrespiráveis píncaros - o muito - o sempre que amei

O mesmo amor - dura como vidro, às luzes transparentes
deixando escorrer a chuva triste, nesta espera de sol quente
E hoje, quando me sinto, é com saudades de mim. 
Lembrando o desaparecido - o domingo de Paris

As minhas grandes saudades são do que nunca presenciei. 
Ai... Como eu tenho saudades dos sonhos que não sonhei!
Eu fui alguém que passou...Serei, mas já não me sou;
Não choro o que me espera, apenas vivo - sigo - me vou.



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